A esquerda caviar
O tema de Beyonce Knowles “Irreplaceable” pode assentar numa filosofia de “mão na anca”, como muito bem observou Carla Quevedo no "Sol" esta semana, mas a verdade é que somos todos mais vulgares do que pensamos. Julgo, sobretudo, que é uma variação musical sobre essa deliciosa mentira de não existirem pessoas insubstituíveis. Há a esperança que repetida à exaustão a afirmação se torne numa terapia.
“To the left/To the left/To the left/To the left/To the left/To the left/Everything you own in the box to the left”.
Ora se é verdade que há pessoas que são substituíveis, também não será menos verdade que não é na altura em que lá vão a casa buscar os seus tarecos que teremos discernimento para avaliar isso. Nessa altura, por muito despeito (e este é um tema de despeito) que arda no coração de uma menina, ela não sabe como vai substituir o sujeito desse despeito. Por isso, e porque odeia ser uma coitadinha, a rapariga mente.
“I could have another you in a minute/matter fact he'll be here in a minute – baby”
E como não é suficiente, mente mais.
“So since I’m not your everything/How about I'll be nothing/Nothing at all to you/Baby I wont shead a tear for you/I won't lose a wink of sleep/Cause the truth of the matter is/Replacing you is so easy”.
Acabamos por perceber que o rapaz se portou mal. Percebemos também quem é que assina os cheques lá em casa.
“So go ahead and get gone/And call up on that chick and see if she is home/Oops, I bet ya thought that I didn't know/What did you think I was putting you out for?/Cause you was untrue /Rolling her around in the car that I bought you”.
Com ou sem mão na anca, este é um tema de ostentação de poder. E é de um enorme novo-riquismo feminino. Eu compro.
PS – Ninguém neste vídeo tem a mais leve pilosidade facial.
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